O IV Seminário Infraestrutura de Transporte Ferroviário, que aconteceu ontem (quinta, dia 03) dentro da programação da 26ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, reuniu autoridades e especialistas para discutir o potencial de crescimento do setor ferroviário. O seminário foi organizado pela a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp) em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e mediado pelo presidente da Abifer, Vicente Abate.
Camila Rodrigues, gerente jurídica da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) destacou o aumento na movimentação ferroviária de carga no país nos últimos 20 anos. O transporte de produtos por trilhos aumentou 107% nesse período.
Atualmente, o minério de ferro equivale a 70% do que é transportado atualmente por ferrovia. Em relação à soja, apenas 34% de toda a produção é escoada por ferrovia, o que, segundo Camila, demonstra a necessidade de expansão da participação da ferrovia no agronegócio.
”O agronegócio tem alcançado produções sensacionais e em 2020 já bateu recordes. Apesar de todos os avanços trazidos pelas concessões, precisamos investir mais em ferrovia. No Brasil, só 15% da carga é movimentada pela ferrovia, enquanto 65% são transportados por rodovias”, esclareceu. Segundo ela, a meta é que a participação ferroviária na matriz de transporte passe para 31%.
A representante da ANTF falou também sobre as renovações dos contratos de concessão das ferrovias. ”Tínhamos investimentos crescentes até 2015, quando a curva começou a decrescer em virtude da aproximação do fim do prazo dos contratos. Isso reforça a necessidade de se prorrogar o contrato vigente a fim de que os investimentos sejam antecipados e se mantenha a participação ferroviária”.
O diretor da Divisão de Logística Fiesp e do Deinfra/Fiesp, Adalberto Febeliano, reforçou o tema e chamou atenção para o fato de as outorgas das renovações estarem direcionadas para a implementação de outras ferrovias. E ainda afirmou que nos últimos 20 anos, o setor recebeu R$ 110 bilhões.
Exemplo europeu
Gustavo Gardini, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Deutsche Bahn ECO América Latina, apresentou o modelo de multimodais alemão como exemplo de sucesso e afirmou que o Brasil faz agora o caminho já traçado pelo país europeu. ”A infraestrutura depende das pessoas que têm o poder de transformação na política. É uma grande felicidade e sorte temos o ministro Tarcísio (Gomes de Freitas, da Infraestrutura), que é um grande líder e está fazendo uma grande transformação, que há muitas décadas não se viu no país”, elogiou.
Gardini trouxe detalhes do Plano Diretor de Infraestrutura de Transporte alemão, estruturado em uma abordagem multimodal e integrada. O diretor explica que há um grande foco em otimizar a infraestrutura já existente.
O secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Fábio Lavour Teixeira, disse que os acessos ferroviários impactam no planejamento portuário e ressaltou também a importância das renovações antecipadas dos contratos de concessão. ”Havíamos visto, nos últimos anos, um decréscimo de investimentos. Quando antecipamos a prorrogação dos contratos (dos portos), geramos mais investimentos. Isso deverá ser replicado no setor ferroviário”.
Planejamento integrado
Para Teixeira, o planejamento ferroviário é feito juntamente com o planejamento portuário. ”Entendemos que, ao fortalecermos o setor ferroviário, na prática estamos fortalecendo toda a logística e a economia brasileira”, disse. Ele explicou que o porto não é um fim em si mesmo, mas que atende as cadeias que o utilizam e o planejamento se dá a partir desta premissa.
O secretário falou ainda da intenção do governo de trabalhar com uma carga mais ”conteinerizada”, duplicando a quantidade de toneladas escoadas atualmente por este formato. ”O que buscamos não é só retirar, mas aumentar o total escoado e o que buscamos é que este aumento se dê pela carga ferroviária.”
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